Dúvidas Frequentes

Como surgiu o Buddhismo, onde, quando e em que contexto?
O Buddhismo originou-se com um príncipe indiano que veio a ser conhecido como o Buddha Śākyamuni; ele ensinou ao longo de quarenta e cinco anos no norte da Índia no século VI Antes da Era Comum. Nessa época, existia a tradição do bramanismo, cujos textos sagrados eram os Upanixadas. Os ascetas andarilhos não brâmanes debatiam sobre questões transcendentes. Alguns desses grupos eram os Jainas, os Ajivitas, os Aniquilacionistas, e todos eles como o grupo liderado pelo Buddha tinham diferentes ideais sobre a real natureza do ser humano, diferentes doutrinas sobre o “eu” ou princípio vital. A época de Buddha era de uma grande efervescência intelectual e espiritual a exemplo do que ocorria em outras áreas geográficas como a Grécia e China.

Há ramos dentro do Buddhismo? Podem citar alguns?
A divisão maior é entre o Buddhismo conservador do sul da Ásia, encontrado em países como Sri Lanka, Myanmar e Tailândia, e as escolas mais inovadoras do norte, encontradas no Tibete, Ásia Central, China, Japão, Taiwan e Coréia. No sul da Ásia, a escola Theravāda predomina; seu nome significa “A Doutrina dos Anciões”. Essa escola considera a si mesma como a depositária dos primitivos ensinamentos autênticos originários da época do Buddha. As escolas do norte da Ásia pertencem ao movimento conhecido como Mahāyāna, significando “Grande Veículo” (escolas da China, Coréia, Japão, Vietnã e Tibete).

Como é a formação de um monge e quanto tempo dura em média?
Dentro do Buddhismo chinês não existe um período fixo para a formação de um monge. Existe um período em que o “aspirante” a monge ou monja mora num templo adaptando-se à vida de reclusão. Ele convive com os monges / monjas ajudando nas tarefas do Templo e estudando o que seu mestre lhe indicar. Em alguns casos, ele / ela pode estudar numa universidade buddhista morando nela ou indo só para as aulas, não é obrigatório. Depois desse período de aprendizagem, que depende tanto do mestre quanto da facilidade ou não de adaptação do discípulo, vem a ordenação como noviço / noviça.

Existe uma cerimônia onde o Mestre raspa o cabelo do discípulo, dá as roupas próprias de monge e utensílios que ele usará junto com seus irmãos do Sangha. Nessa cerimônia, ele também abandona sua vida de leigo e recebe um novo nome dado pelo seu Mestre. Seus pais e familiares podem estar presentes e o recém ordenado noviço agradecerá a eles fazendo três prostrações. Nesse período ele tem que manter os oito preceitos de noviço / noviça ou dez preceitos de treinamento. Novamente, virá outro período de aprendizagem e prática até o Mestre indicar a data de ordenação definitiva como monge ou monja onde ele ou ela passará por outra cerimônia. Essa última cerimônia é realizada em alguns Templos duas ou três vezes por ano, dependendo da quantidade de pessoas inscritas (cada Templo deve mandar com antecipação a quantidade de candidatos à ordenação definitiva). Chegam a participar de 800 a 900 candidatos por vez. São um ou três meses de aprendizagem até a ordenação em que participam vários monges e monjas reconhecidos por sua prática e conhecimento do Cânone Buddhista e eles também além de ensinar, são testemunhas e outorgam a ordenação, assim o discípulo passa a manter 248 preceitos no caso de monges e 348 as monjas. Todo esse processo de ordenação é realizado segundo a tradição chinesa atualmente praticada em Taiwan. Isso varia de escola para escola, ou tradição Theravāda ou Mahāyāna.

Há uma contagem do tempo diferenciada em relação a Buddha?
Contamos os anos a partir do seu Parinirvāṇa. Esse termo significa a extinção física neste mundo e a passagem a outra dimensão. Este ano é o 2555 (2011 da Era Comum).

Livros Sagrados (Cânone Buddhista)
O cânone dos livros sagrados do Buddhismo se conhece como Tripitaka ou Três Canastas. Está composto pelo Vinaya Pitaka, que trata da disciplina de monges e monjas, o Sūtra Pitaka, que contém os discursos do Buddha Śākyamuni, incluindo alguns discursos dos discípulos próximos, e o Abhidharma Pitaka, que contém os desenvolvimentos posteriores da doutrina contida nos pitakas anteriores, desenvolvendo pontos de vista filosóficos e psicológicos. No princípio, os ensinamentos de Buddha foram verbais e se conservaram na memória dos seus discípulos. Foram transmitidos oralmente por repetição (prosa) e recitação (verso).
Entrada formal ao Buddhismo

Há algum ritual ou processo de conversão ao Buddhismo?
Existe uma maneira formal de entrar ao Buddhismo, que é chamado de refúgio na Tríplice Joia. Para a conversão ao Buddhismo, o primeiro passo é se refugiar no Buddha, na Doutrina Buddhista (Dharma) e na Ordem dos Monges e Monjas (Sangha). Os Três Refúgios na Tríplice Joia são assim chamados por representarem as suas qualidades preciosas. Ao refugiarmos, nos comprometemos a seguir os ensinamentos do Buddha e assim nos convertemos formalmente em seus discípulos. Tomamos o Buddha como nosso guia e exemplo até atingirmos a iluminação, tomamos o Dharma (os ensinamentos do Buddha) como os métodos a serem seguidos e tomamos os membros do Sangha (comunidade Monástica Buddhista) como nossos guias e mestres para percorrermos esse caminho.

A Tríplice Joia (Buddha, Dharma e Sangha)

Buddha SakyamuniBuddha
O termo sânscrito Buddha é um adjetivo e quer dizer “desperto”, também é conhecido no ocidente como “iluminado”. Desperto ou iluminado quer dizer que a pessoa atingiu o conhecimento da verdadeira realidade, que despertou da ilusão.
Existem muitos Buddhas no universo; o Buddha Śākyamuni, Buddha histórico, que ensinou o Dharma na Terra, nasceu aproximadamente no ano 563 a.C.; não foi um deus, mas sim um ser humano que alcançou a iluminação ou o despertar através da sua própria prática. Compartilhou os benefícios de seu despertar viajando por toda a Índia, com seus discípulos, ensinando e divulgando seus princípios até sua morte na idade de 80 anos. 

Dharma
O termo sânscrito Dharma significa a Lei Cósmica, a lei que determina a ordem do universo, o fundamento de toda a existência. De acordo com o contexto, pode se referir aos ensinamentos transmitidos por Buddha.

Sangha
É um termo sânscrito que significa “grupo em harmonia”. O Sangha, em um sentido geral, é a comunidade de monges (bhikshus) e monjas (bhikshunis) buddhistas, os quais renunciaram ao mundo e consagram seus esforços à prática do Dharma ao longo da vida.

O Buddhismo é uma religião ou uma filosofia de vida?
Ambas as coisas. Uma religião porque segundo a sua definição, é um conjunto de práticas e princípios que regem as relações entre o homem e o seu referencial (neste caso o Buddha). É também uma filosofia de vida, já que a doutrina buddhista contém princípios e valores da existência, da conduta e do destino do homem. 

Quem é a autoridade máxima do Buddhismo?
O Buddhismo não tem uma autoridade comparável ao Papa do Cristianismo, nem existem hierarquias entre seus membros. A única exceção é o Dalai Lama, que é uma autoridade religiosa e política, mas unicamente do Tibete.

Os buddhistas acreditam em deuses ou santos?
Os buddhistas acreditam na existência de deuses e guardiões, mas não acreditam em um Deus único e criador.

Quais são os ensinamentos buddhistas?
Os ensinamentos buddhistas se dividem fundamentalmente em aqueles que tratam da ética ou moral com seus preceitos como guias do comportamento dos Monges e leigos, os que tratam das técnicas de meditação para desenvolver a concentração e os de conteúdo puramente doutrinário ou filosófico.

Qual é a visão dos buddhistas sobre o surgimento do Universo?
O surgimento do Universo, como o surgimento de qualquer outro fenômeno ou uma coisa animada ou inanimada, deve-se a um conjunto de causas e condições favoráveis a esse surgimento. Não acreditamos no surgimento devido a um ato de um Criador.

Quais são os rituais praticados?
Os rituais são diferentes de acordo com as distintas escolas buddhistas (Mahāyāna e Theravāda) e também de acordo com as culturas nas quais se desenvolveram.

Existem datas comemorativas?
Existem várias datas importantes, mas a principal é a celebração do nascimento do Buddha Śākyamuni no oitavo dia do quarto mês lunar (segundo o calendário dessa época), aproximadamente na lua cheia do mês de maio do nosso calendário ocidental.

O que é Nirvana?
O Nirvana é a libertação definitiva dos ciclos sucessivos de nascimento e morte.

Como é a vida dos buddhistas que vivem em templos?
É uma vida dedicada ao trabalho, estudo, meditação e realização de cerimônias. A organização dessas atividades depende de cada Templo e de cada Mestre que o dirige.

Fazem orações?
Sim, há diariamente orações matinais e vespertinas. Também fazem orações em caso de falecimento ou doença.

Como é feita a escolha de um Buddha?
Um Buddha não se escolhe. A palavra Buddha significa “desperto”, desperto ou iluminado para a Verdadeira Realidade. Qualquer pessoa pode chegar a esse estágio depois de muitas vidas dedicadas à prática do Nobre Caminho Óctuplo e à prática dos Pāramitās (ou perfeições das virtudes), que são: generosidade, disciplina, paciência, diligência, concentração (meditação) e sabedoria.

Acreditam em vida após a morte?
Sim, acreditamos no renascimento após a morte nos reinos (deuses, asuras, humanos, animais, fantasmas famintos e seres infernais).

O Buddhismo de hoje é igual ao de antigamente?
Em muitos aspectos é igual, pois a palavra de Buddha é a fonte dos ensinamentos, em outros aspectos tem se adaptado à mudança dos tempos.

Existe algum idioma comum (para as escrituras)?
Existem duas línguas que foram utilizadas para recopilar os ensinamentos do Buddha: o sânscrito e o pāli. As escrituras buddhistas foram recopiladas nessas duas línguas e depois traduzidas para outras como o chinês, japonês, coreano, etc.

Dieta vegetariana para os praticantes buddhistas.

Os budistas são a favor da dieta vegetariana?
A dieta vegetariana inspira a mente a ser mais compassiva com todos os seres viventes além de ser boa para a saúde. O Buddhismo promove o respeito à vida de todos os seres. Buddha consentiu que seus discípulos consumissem carne, porém só as que possuíssem as três qualidades puras:

1- Que a matança do animal não seja presenciada pelo consumidor.
2- O som da matança do animal não pode ser escutado pelo consumidor.
3- Que o animal não seja morto pelo consumidor.
Para ser buddhista não é obrigatório ser vegetariano, mas é recomendado. Já para os monges do Buddhismo chinês é obrigatório.

Os cinco preceitos
Os cinco preceitos básicos de vida recomendados por Buddha: não matar nem exercer violência, não tomar o que não nos pertence (não roubar), não mentir, não cometer adultério ou abusar do sexo e não consumir substâncias tóxicas (drogas, álcool, etc.)

Bodhisattva
É alguém que dedica sua vida ao benefício de todos os seres viventes, fazendo o voto de salvá-los da aflição e aspirando alcançar a Buddhidade. O Bodhisattva permanece no mundo para ajudar aos demais a alcançarem a Iluminação. Cada um dos principais Bodhisattvas tem cultivado a qualidade que representa durante incontáveis períodos de vida, permitindo ao buscador espiritual desabrochar plenamente aquela qualidade dentro da sua vida. Cada um deles também representa um “estado mental” que pode ser aberto e expandido por cada um de nós, para nosso benefício e dos demais. É o objetivo da prática do Buddhismo Mahāyāna.

Arhat
É alguém que se dedica a alcançar o Nirvana ou Libertação dos ciclos de renascimento como uma meta individual. É o objetivo da prática do Buddhismo Theravāda.

Quais são as Quatro Nobres Verdades?
Em seu primeiro sermão, o Buddha Śākyamuni expôs As Quatro Nobres Verdades, uma exposição concisa de seu ensinamento.

1– A verdade do sofrimento – Os seres viventes estão sujeitos a todo tipo de sofrimento, dor, insatisfação, como característica inerente à vida. Os males elementares são: o sofrimento do nascimento, o envelhecimento, a enfermidade e a morte.
2– A verdade sobre a causa do sofrimento – A origem deste sofrimento ou insatisfação se encontra na ignorância e no desejo egoísta.
3– A verdade da extinção do sofrimento – Pode-se extingui-lo eliminando suas causas.
4– A verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento – O Nobre Caminho Óctuplo.

O Nobre Caminho Óctuplo
O mesmo é composto por:
Compreensão correta – o conhecimento correto; ver as coisas tal qual elas são, sem nome ou rótulo. Compreender por exemplo a norma do renascimento, a lei da causa e efeito, a lei da geração condicionada, etc.
Pensamento correto – pensamentos ou aspirações sem motivos egoístas nem prejudiciais ao próximo.
Fala correta – expressar-se com honestidade, verdade, amabilidade. Abster-se de mentir, caluniar, difamar, de usar palavras que possam provocar ódio, inimizade ou desarmonia entre indivíduos ou grupos.
Ação correta – basicamente é respeitar os cinco preceitos. São: não matar (nem exercer a violência), não roubar (não pegar o que não nos pertence ou não nos é dado por seu dono), não mentir, não cometer adultério ou abusar do sexo e não consumir substâncias tóxicas.
Meio de vida correto – evitar ganhar a vida com ocupação que possa ser danosa aos outros seres vivos.
Esforço correto – esforçar-se em impedir o surgimento de pensamentos insalubres ou o desenvolvimento dos que já tenham aparecido; esforçar-se em promover o surgimento de pensamentos saudáveis e desenvolver os que já tenham surgido.
Atenção correta – manter sempre a mente desperta, atenta e vigilante, tomando consciência das atividades que se realiza com o corpo, com a fala e com a mente.
Concentração correta – fortalecimento da concentração da mente, evitando sua dispersão. É uma qualidade indispensável para o desenvolvimento da sabedoria.

O significado da união das palmas das mãos
A união das palmas é um gesto amável e uma forma digna de saudar original da antiga Índia. Unindo as palmas, concentramos a nossa mente e o nosso coração mostrando respeito pelos ensinamentos do Buddha. Ao juntar os dez dedos, simbolicamente fazemos com que os dez reinos do Dharma se convertam em um só, lembrando a natureza de Buddha inerente a cada ser; ao cumprimentar a outra pessoa desta maneira, com as mãos unidas, honramos a sua natureza de Buddha.

O significado das reverências e prostrações
Elas são expressões de humildade, respeito e apreço por aqueles por quem reverenciamos. Baseados em Sua bondade e compaixão para libertar do sofrimento a todos os seres viventes, o Buddha Śākyamuni é um excelente modelo para a humildade. Ao prosternar-se diante Dele, também lembramos nossa própria natureza búddhica.

Mantra
Palavra ou frase sagrada recitada e usada como instrumento da mente para a sua concentração e proteção. A origem da palavra em sânscrito significa “aquilo que protege a mente”.

Fé, crença
O Buddhismo se baseia na visão dos fenômenos através do conhecimento, da compreensão e não pela fé ou crença cega. No momento em que “vemos”, a crença desaparece e a fé cede o lugar para a confiança embasada no conhecimento.

Qual é o propósito de utilizar o “mala” ou o rosário buddhista (em chinês “niàn zhū”)?
A recitação com o Rosário Buddhista é utilizado como um método de concentração na recitação dos nomes dos Buddhas e dos Bodhisattvas, dos dharanis e dos mantras. A recitação com sinceridade ajudará a purificar a nossa mente. O rosário também é um símbolo da crença buddhista.

O que quer dizer a palavra Sūtra?
A palavra Sūtra vem do sânscrito, significa fio ou aquilo que é preso por um fio. Esse termo se refere às escrituras buddhistas, originalmente escritas em folhas de bananeiras costuradas umas às outras. De forma geral, um Sūtra é um registro de um ensinamento de Buddha.

Por que monges e monjas raspam a cabeça?
Raspar a cabeça é um símbolo de renúncia a todos os desejos mundanos e da vontade em alcançar rapidamente a libertação das ilusões, eliminar os obstáculos e entrar no caminho da prática. Uma vez raspada a cabeça de um praticante ele renuncia também à vida em família e começa a fazer parte da comunidade de monges ou monjas (sangha).

Marcas de incenso na cabeça
O costume de ter marcas de incenso na cabeça é exclusivamente do Buddhismo chinês. Durante a dinastia Tang (618-907 Era Comum), a corte imperial ordenou que na cerimônia dos preceitos se fizessem as marcas de incensos para evitar que pessoas leigas se passassem por monges. As marcas são três, mas podemos encontrar monges com mais marcas.

O Que é Terra Pura?
No Buddhismo, a Terra Pura é um paraíso (criado pelos poderes sobrenaturais de um Buddha) onde os seres podem renascer através de um voto, de ter realizado uma prática diligente e desenvolvido uma forte fé na existência dessa Terra Pura. A Terra Pura mais conhecida é a da Suprema Felicidade de Ocidente do Buddha Amitābha, que é o seu guia e anfitrião.

Que quer dizer Chán ou Zen?
“Chán” é a abreviação de “channa”, transliteração chinesa da palavra sânscrita “dhyana” que significa concentração correta ou observação pura. O Chán deve ser praticado em todos os momentos. No ocidente, é mais conhecido com a denominação japonesa Zen.

Qual é a razão da prática da meditação?
A meditação é um sistema milenar de purificação mental praticado pelas diversas tradições religiosas em diferentes épocas e lugares. A meditação disciplina a mente e desenvolve o potencial interior através da eliminação gradual das barreiras dos condicionamentos, ao mesmo tempo melhora e harmoniza a saúde do corpo. A prática da meditação aumenta a percepção, a capacidade de tomar decisões, afasta a ansiedade e proporciona uma série de benefícios físicos que a ciência já tem comprovado. Existem diversas técnicas de meditação, mas na tradição Chán ou Zen pratica-se a meditação sentada em posição de Lótus completo* ou em meio Lótus** e prestando atenção plena na respiração. Inalando e exalando, observamos nossos pensamentos sem nos deixar levar por eles. Gradualmente, iremos afastando os pensamentos, purificando a mente e abrindo a visão para compreender os ensinamentos do Buddha, desenvolvendo sabedoria e compaixão.
*Posição de Lótus completo: O pé direito apoia na coxa esquerda e o pé esquerdo apoia na coxa direita.
**Posição de meio Lótus: O pé direito ou o esquerdo apoia na coxa oposta e o outro pé fica apoiado no chão.

O conceito buddhista de renascimento:
Os budistas acreditam que a morte é uma passagem de um nível de existência a outro. O ciclo de renascimentos em inumeráveis vidas só tem um fim quando a pessoa praticar o Nobre Óctuplo Caminho até o Nirvana. Renascimento não é o mesmo que reencarnação. O buddhismo não acredita na passagem de alguma coisa permanente chamada “alma” ou “espírito” a uma nova forma física; ao contrário, o corpo e a mente encontram-se em constante transformação. A morte só é uma separação dos agregados psicofísicos que formam um ser. Esse ser mais tarde aparecerá em outra forma física de acordo com o seu karma.

Os buddhistas realizam orações?
O momento da oração é um momento de arrependimento dos erros cometidos no passado e uma confirmação do desejo de não voltar a realizá-los. Também é um meio de comunicar-se espiritualmente com os Buddhas e Bodhisattvas recitando seus nomes ou recitando mantras. Existe o costume de usar contas de madeira ou sementes em forma de rosário ou “mala” como guia para estas recitações.

Breve descrição de alguns símbolos buddhistas

Roda do Dharma
É um símbolo muito importante dentro do Buddhismo e pode ser utilizado para representá-lo. Os oito raios da roda representam os oito elementos do Nobre Caminho Óctuplo (ver As Quatro Nobres Verdades). Sua origem se remonta à antiga Índia, onde os carros com rodas foram utilizados para combater os inimigos nos campos de batalha. O Buddhismo adotou esse símbolo como representação da propagação dos ensinamentos de Buddha (Buddhadharma).

Suástica
Esse símbolo é uma das trinta e duas marcas de um Buddha. As quatro direções desse signo simbolizam: paz, harmonia, equanimidade e equilíbrio. Esse é o símbolo da doutrina buddhista, também é um símbolo muito antigo encontrado em diferentes culturas. Ele teve origem há milhares de anos na antiga Pérsia, na religião de Zarathustra; foi usado também na antiga Grécia, na Babilônia foi utilizado para representar o movimento do sol, e na Índia pelos praticantes do Hinduísmo e do Bramanismo.

Atualmente, esse símbolo gera alguns equívocos de natureza política. No começo do século XX, o departamento de propaganda do partido nazista alemão estava procurando por um logotipo que fosse bem marcante, e resolveu usar a cruz suástica, mas como eles eram contra todas as religiões, usaram-na invertida. É importante salientar que, em sua forma original, tal como usada no Buddhismo, ela não tem nenhum significado político.

Flor de lótus
Este é um símbolo de pureza.
As flores de lótus simbolizam como podemos nos elevar sobre o lodo da vida e chegar à purificação através de nossa prática. Assim como o lótus cresce nos pântanos e suas formosas flores se elevam sem contaminar-se, nós também podemos nos elevar sobre o sofrimento e a ignorância.

Nuvens
Pequenas nuvens são utilizadas com muita frequência na arte chinesa tradicional como símbolo da impermanência. As mesmas se formam, estão sempre em movimento, mudam constantemente e se desintegram voltando em seguida a formar outras nuvens.

Ponto entre sobrancelha
É uma das trinta e duas marcas que distinguem os grandes seres, entre eles os Buddhas e Bodhisattvas.

Bandeira Buddhista
Simboliza as características especiais do Buddhismo. Basicamente, a bandeira buddhista simboliza a não discriminação entre raças, países, nacionalidades ou cor da pele; também representa que cada ser vivente possui a natureza de Buddha, tendo todos os potenciais para tornarem-se um Buddha. A bandeira buddhista foi criada em Sri lanka em 1880. É formada pelas cores dos cinco raios que o Buddha irradiou depois de alcançar a Suprema Iluminação.

As cinco cores são:
. Azul – representa o conceito da bondade amorosa e a paz (raio emitido pelos Seus cabelos).
. Amarelo – representa o Caminho do Meio (raio emitido pelos Seus poros da pele).
. Vermelho – representa a realização, a sabedoria, a virtude, a fortuna e a dignidade (raio emitido pelo Seu sangue).
. Branco – representa a pureza e a emancipação; que o Dharma sempre existirá além do tempo e do espaço (raio emitido por entre as Suas sobrancelhas).
. Laranja: a natureza do Dharma; a qual contém sabedoria, força e dignidade (raio emitido pelas Suas mãos e Seus pés).

O conjunto das cores simboliza que a verdade não pode ser substituída. As listras horizontais significam paz e harmonia entre todas as raças do mundo, enquanto que as listras verticais representam a paz eterna dentro do mundo.

O significado das oferendas
Simbolizam o respeito e a gratidão para com os Buddhas e Bodhisattvas. É similar ao respeito das crianças pelos seus pais ou a gratidão dos discípulos pelos seus mestres.

Cada oferenda representa o seguinte:
. Incenso – alcançarmos a própria paz e enriquecer nossa percepção do Dharma.
. Flores – limpar e liberar nosso corpo de tudo que não é agradável, também produzir contentamento às pessoas que nos rodeiam.
. Lâmpadas – purificar nossa visão e conduzir-nos à sabedoria absoluta.
. Frutas – satisfazer nossos desejos e apressar nosso caminho à Buddhidade.
. Chá ou água – refrescar nosso hálito e distanciar-nos das preocupações.
. Comida – prolongar a duração de nossa vida e facilitar o uso das nossas habilidades.
. Contas (rosário) – satisfazer a nossa vocação e dignificar a nossa aparência.
. Roupas – tornar solene nossa aparência e prover-nos de segurança.


Confira abaixo a sequência com quatro palestras onde Ven. Shifu Zhihan nos apresenta uma visão integral do Buddhismo.